Neste ano, completamos 15 anos de relacionamento. Há mais de 14, moramos juntos. Formalizamos, há 10, nosso matrimônio, logo que foi autorizado o casamento igualitário, pela legislação brasileira.

Hoje é minha vez de tomar a iniciativa de falar sobre ele, retribuindo as tantas ocasiões em que Waguinho já o fez em público, escrevendo a meu respeito, com sua típica generosidade quando se dirige a mim ou tece comentários sobre minha pessoa, apesar de eu haver conseguido, em diversos momentos, frear-lhe os impulsos (bem mais numerosos) nesse sentido.

Ele é lindo, por dentro e por fora. Afetuoso e solícito sempre. Raciocínio vivaz e espirituoso, afiado nos trocadilhos para “estraçalhar”, com um sarcasmo mordaz ímpar, quem pareça longinquamente estar contra mim ou contra Quem eu represento, levando todos(as) que estejam ao alcance de sua voz explodirem em gargalhadas involuntárias.

Lamentavelmente (risos), compra brigas por mim onde sequer enxerguei inimigos(as). Certa vez, em 2011, acompanhados de Delano Mothé (meu eterno amigo-irmão) e Breno Moura (PhD em biologia), outro companheiro de fé, acabáramos de sair de uma sessão de cinema, quando Wagner, recém-operado de uma correção simples no aparelho digestivo, enfrentou sozinho, aos berros, dedo em riste, oito homens (ao menos, pelo que me lembro), depois de ouvir um gracejo menos lisonjeiro, de caráter homofóbico, num deserto e escuro estacionamento externo de um shopping center.

Naquele momento, parecia um gigante, com o dobro do próprio tamanho, ecoando um vozeirão tonitruante, num espaço que parecia fechado e não aberto.

Comigo, em contrapartida – sei que o que vou revelar soará inverossímil, mas estou sendo cruamente transparente –, nunca levantou a voz ou utilizou qualquer palavrão, nem mesmo me apresentou uma única reclamação, nesta década e meia de convívio contínuo.

Apesar de me sentir extremamente abençoado, pela Divina Misericórdia, com a qualidade e a quantidade de amigos(as) leais e devotados(as) que me cercam, Wagner me surpreende nesse quesito raro, perante a causticante aridez de sentimentos da superfície terrena.

Felizmente – para quem se preocupou –, consegui convencê-lo a jamais tornar a enfrentar gangues prenhes de ódio – risos sem graça.

Um guerreiro espartano reencarnado, como costumo dizer a ele ou sobre ele, a outras pessoas. Atualmente, “reduzido” (pobrezinho… risos) à condição de um comportado judoca – com dois de seus treinadores aqui, nos USA, em uma das fotos que ilustram esta postagem.

É o sujeito por detrás das câmeras, criativo produtor de vídeos e dirigente “agitado e intenso” do departamento de transmissões, ao vivo, de minhas palestras de domingos, em que canalizo os(as) Orientadores(as) Espirituais.

Numa outra das três fotos que compõem o mosaico desta publicação, aparece dirigindo a equipe dos bastidores, mergulhado ele mesmo sobre os equipamentos, com seu time, em nosso evento na CSW67, que aconteceu no último mês de março, quando proferi, na condição de presidente de nossa instituição, a Sociedade Maria Cristo – órgão consultivo do Conselho Econômico e Social da ONU, desde 2018 –, a conferência “Mulheres e meninas, tecnologia e empoderamento em um futuro próximo”.

Não é santo. Teimosinho e marrento, volta e meia. No entanto, é um homem de bom coração, com coragem (exagerada), brilhante inteligência e impressionante disposição ao trabalho.

Dezoito anos mais novo que eu… Graças a Deus! Ser-me-ia bastante difícil a experiência de perdê-lo para a morte física. Nada garantido, lógico. Todavia, dou meu testemunho de que me sinto trinta anos mais velho que ele – risos sem graça, novamente.

Seja feliz, Waguinho. Muito obrigado por ser o companheiro multifacetado, de todas as horas. Deus o abençoe sempre, de todas as formas que isso for possível!…

E a você, irmão(ã) LGBT+, atenção. Não acredite nas mentiras que lhe pregam, sobre você não poder acertar o passo em ser feliz na vida afetiva. Há muitos casais héteros vivendo verdadeiros pandemônios disfarçados de sorrisos, para quem os veja de fora.

Não espere paraísos românticos na Terra. Entretanto, acredite que, com foco e trabalho no bem comum, o Bem Maior o(a) suprirá do que realmente você precisa, concedendo-lhe amigos(as), irmãos(ãs) em Ideal e até – se for o seu caso cármico – um cônjuge que seja um(a) verdadeiro(a) consorte de destino, com propósitos, valores e projetos de vida em comum…

Benjamin Teixeira de Aguiar
LaGrange, Nova York, EUA
2 de junho de 2023

1. Leia também “A escuridão e a luz… do horror de nossa era”, um imprescindível complemento a este artigo.