Nem sempre o que é oficial é verdadeiro, como nem sempre o que é legal é moral. Da mesma sorte, nem toda aparente moral condiz com os verdadeiros princípios de espiritualidade. Para se perceber a verdade dessa assertiva, basta que se dê uma rápida olhadela na história das Religiões e seus terríveis abusos sobre seus fiéis.

Seja aberto em toda forma de avaliar, para não ser ludibriado por sofismas passageiros. O que lhe faz mal não pode ser de Deus, tanto quanto o que lhe faz bem, que o torna melhor, mais digno, humano, produtivo e feliz não pode provir de forças malévolas.

Todo ser humano, por mais brilhante e informado, está sujeito a ser engabelado pelas presunções de verdade de seu tempo. O mesmo princípio é válido, ainda que consideremos um revolucionário. O revolucionário estará igualmente sendo iludido, com a diferença de o ser pelas utopias da geração seguinte.

Parta da pressuposição de que está sempre errado, e terá mais chances de errar menos e acertar mais. Não se trata de uma questão de humildade, mas de lucidez. A não ser que alguém caia na estultícia de se supor senhor de toda a sabedoria do Cosmos, deverá concluir que está cometendo erros, muito mais do que possa perceber. Isso mesmo: por mais que se esforce, nunca conseguirá detectar toda a extensão de seus equívocos. Os erros percebidos já estão em vias de serem suplantados, justamente por estarem sendo flagrados pela consciência, ainda que a corrigenda demande séculos. Na maioria das vezes, porém, os erros não são sequer notados, quando não são enxergados onde em verdade não estão.

Seja humano – esse é seu maior trunfo. Não para entregar-se à degradação, mas para confiar-se à naturalidade, à modéstia e à indulgência, certo de que ninguém, realmente ninguém tem o direito de se sentir melhor que ninguém. Seja humano, para que possa se dar o direito de crescer ao infinito e, num dia longínquo, de fato, transcender sua humanidade e mergulhar na angelitude.

Temístocles.

(Texto recebido pelo médium Benjamin Teixeira, em 14 de abril de 2001.)