Quando não valorizamos o que temos e vivemos, em caráter de concessão provisória da Divina Providência, comportando-nos como se tudo nos fosse conquista feita ou direito garantido, sem a devida atitude de respeito e gratidão, a circunstância afortunada simplesmente desaparece, da noite para o dia, amiúde sem nenhuma alternativa de reversão da perda.

Isso vale tanto para pessoas especiais e/ou muito amadas com quem convivamos, quanto para situações abençoadas que nos enriquecem os caminhos e até para talentos e recursos que consideramos propriedades inalienáveis, como a saúde física e mental ou a própria vida do corpo material, que nos bafejam a jornada por um certo período de tempo, mas necessariamente terão fim.

Quando uma janela de oportunidade se fecha para nós – e atentemo-nos, porque o Universo não envia aviso prévio a ninguém a respeito de nada –, precisaremos aguardar outro ensejo, quiçá apenas noutra reencarnação, num contexto completamente diverso (provavelmente inferior, por razões cármicas), enquanto amargamos, já no presente, de modo inapelável, um quadro existencial bem mais complicado, empobrecido e angustioso que o anterior. E o cenário perdido, para sempre, então nos parecerá rutilante, prenhe da luz que nos agraciava e que não soubemos – ou não quisemos, melhor seria dizer – enxergar.

Há, porém, daqueles(as) que, por presunção ou horror da culpa de se assumirem, para si mesmos(as), tão autodestrutivos(as) e negligentes, além de ingratos(as) e desrespeitosos(as) com o que ou com quem os(as) beneficiava, preferem a loucura de criarem miríades de justificativas para sua queda – e não falta gente do mal que os(as) apoie nesse terrível movimento-despenhadeiro de destino –, a ponto de inverterem a posição na circunstância do bem passado que defenestraram, para, em vez de vilões(ãs), se julgarem as vítimas prejudicadas que nunca foram…

Eis que surge, para tais desgraçadas criaturas, o que Nosso Mestre e Senhor Jesus denominou de “choro e ranger de dentes”¹ dos(as) que se expulsam do banquete venturoso a que foram convidados(as) pelas Potestades da Vida… Ou seja: a lamentação e a revolta, de todo contraproducentes, de indivíduos que não admitem a própria responsabilidade em se haverem precipitado no abismo das linhas de eventos infelizes que ora padecem… sabe lá Deus por quanto tempo…

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Matheus-Anacleto (Espírito)
LaGrange, Nova York, EUA
4 de junho de 2023

1. Mateus 13:42.