Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Que tal escrever o livro das pendências?
Anote, em lugar à parte, todas as pendências que tem, com pessoas, coisas a fazer, contas a pagar.
Estabeleça, depois, a disciplina de resolver uma pendência por dia, ou trabalhar em uma delas, todos os dias.

Amiúde, por considerar muito a fazer, o ser humano vai estocando tensão no subconsciente, bloqueando o fluxo da criatividade, da paz e da felicidade.

Nada como fazer o livro das pendências e ir esvaziando-o. A paz, o alívio, a felicidade decorrentes dessa descompressão progressiva é impagável e incomparável.

Hoje, ligue para alguém e diga o que sente deve dizer há muito tempo. Telefone para aquele amigo querido que há muito tempo não vê. Seja amistoso com quem foi rude da última ou das últimas vezes em que se encontraram. Junte alguns centavos para pagar aquela dívida de milhões. Dê o primeiro passo para realizar o ideal de sua vida, ou para adaptá-lo às suas circunstâncias concretas.

A vida pode ser bem mais leve e tranqüila, se você quiser. É possível seguir vida afora, sem a sensação de estar carregando o mundo às costas. Anote, hoje mesmo, agora se puder, em cadernetinha à parte ou num arquivo eletrônico muito bem salvo, sua agenda de pendências, e experimente o prazer indizível de ir desbastando-a, dia a dia.

Nunca, na verdade, conseguirá concluí-la. Sempre haverá novos itens aparecendo. Você é um ser em construção. Assim, elementos novos, aspectos diferentes, nuanças antes não vistas tenderão a aparecer, para o seu bem. Por isso, refazer continuamente a lista é tão importante quanto riscar-lhe os itens. Só que, se você assimilar o hábito de realmente aplicar-se a desbastar sua listinha de pendências, a voz da consciência lhe dirá que estará fazendo a sua parte e que, portanto, sempre estará passando a novas etapas no processo de resolver o que estava sem solução, de limpar a casa do si, de lavar a louça suja das emoções em desalinho, de organizar o quarto da alma, de expandir o prédio do espírito… O acúmulo de tensões progressivamente diminuindo e a alegria interior lhe dirão como, de fato, estará fazendo o melhor para sua paz.

Não menospreze a singeleza desse aviso amigo. Se você se der ao trabalho de, por um mês, seguir essa sugestão amiga, agradecerá toda a vida por haver absorvido um novo hábito que será dos mais poderosos se não o central, para resolver todos os problemas de sua existência e solucionar todas as pendências de sua alma.

Uma das maiores angústias na hora da morte é justamente estar com questões em suspenso, com projetos inacabados, com obras por fazer, com palavras que nunca foram ditas, com pazes que não foram feitas. Muita gente segue pela vida, com a alma em farrapos, sentindo-se párias da felicidade, por sentirem a voz da alma rouca de tanto gritar sem ser ouvida para inúmeros assuntos pendentes. Adquirir esse hábito de anotar e riscar itens de paz em uma agenda é, simplesmente, uma das maiores soluções a serem adotadas para a uma vida feliz, uma mente e um coração desanuviados.

E, não se esqueça: não se cobre fazer muito. Faça pouco todos os dias. É justamente pela aflição de não poder fazer tudo de uma vez que muita gente relega toda a lista para o abandono, o esquecimento, e, na verdade, para o tormento no plano inconsciente da vida, já que nada pendente é realmente esquecido, mas converte-se em pesadelo ou em sombra, qual um demônio oculto a esconder-se no jardim de infância de nossas fantasias de acomodação, aterrorizando-nos dia e noite…

(Texto recebido em 11 de outubro de 2001.)