Documento de participação da Sociedade Maria Cristo (ou Sociedade Filantrópica Maria de Nazaré, órgão consultivo com status especial junto ao Conselho Econômico e Social da ONU) na 68ª sessão da “Commission on the Status of Women”¹

É inviável uma civilização que não dê primazia à tutela de seus(suas) integrantes menos valorizados(as).

A dignificação da feminilidade, que necessariamente passa pelo empoderamento de mulheres e meninas, traria inequívocos resultados positivos, no campo das estratégias político-culturais, socioeconômicas e até militares.

Fácil incorrermos no erro crasso de nos distrairmos com as urgências de um cenário alarmante de guerra, com destaque para a conflagração entre Ucrânia e Rússia e o recém-eclodido conflito terrorista envolvendo Israel.

No entanto, é de capital relevância reconhecermos que, na gênese de todo movimento territorialista, invasivo, violento e/ou terrorista, encontraremos, iniludivelmente, a semente diabólica do patriarcalismo degenerado, que há tantos séculos atormenta a humanidade.

Nada será resolvido, em caráter definitivo, com as expressões horrendas do morticínio pavoroso em fronts de batalha, se não nos voltarmos para as raízes profundas desse câncer arquimilenar que tem feito o derramamento de sangue manchar a história de nossa comunidade terrena, tanto na forma de carnificinas anacrônicas de dantescas escaladas fratricidas, quanto igualmente na dos monstros ciclópicos da fome, das pandemias e de todos os corolários da miséria – como as falhas estruturais de saneamento básico, de suporte mínimo médico-hospitalar e de acesso à educação e à tecnologia.

As instituições, governamentais ou não, que apoiem a diversidade de gênero precisam ser honradas com apoio não só no plano político e midiático, mas, mormente, na esfera pragmática do financiamento de suas abordagens de socorro a bilhões de mulheres e meninas que não desfrutam de acesso aos benefícios elementares de preparo, por exemplo, acadêmico e profissional, que as qualifiquem como cidadãs em suas pátrias natais, como cidadãs do mundo!

Os discursos e as infames iniciativas belicistas de confronto entre nações, povos, etnias e raças são consequências da teia infernal de pressupostos irracionais, desumanos e genocidas que tornam ignóbil o cotidiano de centenas de milhões de mulheres, de qualquer faixa etária, e, em escala global e multifacetada, degringolam no problema da expansão internacional do arsenal de armas nucleares e na acutíssima e impostergável questão da crise climática e ambiental.

Não há mais tempo a desperdiçar em palavras soltas ao vento. Urge a tomada de consciência, com efetivo desdobramento em providências práticas e sustentáveis que lastreiem, política e financeiramente, todas as organizações sérias que trabalhem por minimizar, em qualquer âmbito que seja, as inúmeras e graves problemáticas que giram em torno da falta de igualdade no tratamento de pessoas, com base na obsoleta e obscena misoginia que fere, sangra e mantém hemorrágica, à beira do colapso irreversível, a humanidade inteira de nosso pequeno rincão planetário.

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
LaGrange, Nova York, EUA
11 de outubro de 2023

1. Tema da CSW68 (2024): “Acelerar a concretização da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, combatendo a pobreza e fortalecendo as instituições e o financiamento com uma perspectiva de gênero”.

Vide versão em inglês:Global ecological and war crisis, in an approach to strengthening institutions with a gender perspective – Written statement submitted by the MCS to the UN CSW68”.