por Benjamin Teixeira.

Grandes magos são também grandes bruxos. Como asseverou Nietzsche, “a árvore cujos ramos avançam em direção ao Céu tem suas raízes fincadas nas profundezas do inferno”.

As pessoas deveriam temer a atitude desassisada de se voltarem abertamente contra quem faz um bem de proporções coletivas. Estão contando que o rival seja uma alma santa, que não vá se enraivecer, que não se sinta injustiçado, que não invoque a Justiça do Universo em seu favor. Senão, vejamos o exemplo máximo: Nosso Senhor. Certa vez, conforme revelam os Evangelhos, faminto, Jesus passou por uma figueira, e, por não encontrar nela figos, mesmo não sendo a estação de frutos(!)… amaldiçoou-a; de modo que, no dia seguinte, o frondoso vegetal estava seco até as raízes – o que causou assombro a Pedro, o Apóstolo.

É comum que se tenha medo de quem é barulhento e cheio de bazófia. Os que agem à fanfarra, porém, são frágeis quais cascas de ovo, sem consistência, fazendo alvoroço empós sua passagem para serem respeitados, por não sentirem, em si, motivos outros de segurança. Dever-se-iam temer os de fala suave e mansa, que oram e estendem a caridade, porque até as preces negativas destas personalidades complexas e fortes são ouvidas (e eventualmente atendidas) no Plano Sublime, como, num exemplo extremo, foi o caso do Cristo, no episódio da figueira consumida até as raízes.

Oh! loucos do mundo… temei o surto de fúria das almas devotas a Deus, mormente se sabeis que elas não são santas… O poder destes vultos, para gerar o mal, é ainda maior que o dos facínoras, porquanto o mal provocado pelos trabalhadores do Bem não está adstrito ao que se pode fazer com as próprias mãos, mas sim àquel’outro que pode ser engendrado com as Ciclópicas Mãos do Cosmos… Protegei-vos, sobremaneira, das criaturas que espalham o bem a grande quantidade de gente, visto que tais figuras mobilizam poderosíssimas correntes de energia – energia de natureza divina… e obviamente não seria nada interessante vê-la com pólo invertido, destrutiva, na direção dos que se revelem incautos perseguidores.

A “ira de Javé” não é só uma curiosidade bíblica. Os profetas do Antigo Testamento rogavam pragas que chegavam a provocar a morte de dezenas de pessoas, em curto espaço de tempo. Juízes do Plano Superior recebem petições de embaixadores seus no domínio físico. E, às vezes, alguns componentes deste Conselho de Magistrados se fazem encarnados… Mas eles não são “bonzinhos” como se espera que sejam, e podem, por isso (freqüentemente acontecendo), causar estranheza ou antipatia entre quantos, por inveja, ambicionam-lhes a posição, que, entretanto, não foi definida por eles, mas por Desígnio Divino. A questão, todavia, é que estes indivíduos, porta-vozes das Potestades, têm prerrogativas de extraordinário poder sobre seus irmãos em humanidade, segundo nos adverte o próprio Cristo: “O que desligardes na Terra, eu desligarei no Céu; o que ligardes na Terra, eu ligarei no Céu.” Em Marcos, capítulo 3, Jesus chega a afirmar, categoricamente, que melhor seria alguém pecasse contra Ele, o “Filho do Homem”, do que acusar um “espírito santo” de ser um espírito do mal. Nas palavras d’Ele Mesmo, este seria um “pecado sem perdão”.

Se você não gosta de alguém que faz o bem em larga medida, se não concorda com sua postura, faça um bem maior primeiramente, antes de se arrogar o direito de ser seu juiz e, principalmente, seu condenador… porque as chispas do Céu podem vir fulminá-lo, de mil modos, ou, pior ainda: os turbilhões das trevas podem tragá-lo e arrastá-lo de roldão, a terríveis profundezas do inferno… pouco importando se você acredita nisso ou não, pois que as Leis do universo não consultam ninguém sobre sua cartilha de crenças pessoais.

Respeite o que não conhece, e não opine sobre o que não tem domínio completo, sobretudo em se tratando de algo concernente a assuntos espirituais. Homens e mulheres devotos têm seus direitos de caráter místico, fincados em espetaculares ascendentes psíquicos e divinos. E, elemento importante neste jogo abstruso de potências imponderáveis: não adianta alguém se julgar com credenciais religiosas ou morais para condenar outrem, se este último for, diante do Governo Oculto do Mundo, maior em merecimentos e em créditos do que seus acusadores. As ultrapoderosas autoridades eclesiásticas que sentenciaram à morte Joana d’Arc foram tomadas por horríveis pandemônios existenciais, arruinando-se física, social e financeiramente, várias delas enlouquecendo e padecendo mortes trágicas, nos anos seguintes ao desencarne da “Pucela de Orleans”. Os caluniadores e inimigos de Chico Xavier, idem. O povo que crucificou o Cristo (o judeu) vive enxotado e azucrinado até a presente data, dois mil anos após a mais sinistra e injusta execução da História…

Cuidado se você se sente com razão para perseguir um representante das Alturas, ainda que esteja certo tratar-se de um charlatão. Foi o que pensaram os detratores de Joana, de Chico e do Próprio Jesus. Este será o seu maior mal: porque deixará aberta a porta de suas atitudes, de molde a gerar, para si mesmo, uma desgraça maior em seu destino…

(Texto redigido em 21 de dezembro de 2007. Revisão de Delano Mothé.)