Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

A mediunidade é um atributo de sensibilidade, no arcabouço de potências da mente humana.
Qual sensitiva de múltiplas funções, atrai personalidades, energias e padrões mentais que se afinam com o modo de ser do indivíduo, e canaliza outros, que representam ou resíduos de seu passado, ou sementes de propensões para o seu futuro. Cabe a cada um mais dotado de tais vertentes psíquicas mais acentuadas, fazer a triagem e, assim, manifestar aquelas entidades que sintonizem seu lado melhor, coibindo a expressão de personalidades que estejam em consonância com seus aspectos mais primitivos e menos nobres.

Para melhor entender, porém, o que seja ser médium, vamos criar algumas metáforas, que, assim, facilitem o entendimento dessa complexa estrutura de ser e pensar:

1. Esponja.
Nos níveis mais grosseiros, ser médium é ser um assimilador e carreador de energias densas ou salutares, que, assim, dão cor mental ao indivíduo, conforme o grau e espécie de “fluidos”absorvidos num dado momento e lugar.

2. Ímã.
Num segundo nível de adiantamento, médiuns afiguram-se a engenhocas psíquicas de atração e repulsão, assim conseguindo superar, em certa medida, a influência do meio, para, então, determinar o padrão dos acompanhantes mentais.

3. Espelho.
Num terceiro estágio de desenvolvimento de suas faculdades, o médium consegue refletir a Luz que provém de planos mais altos de consciência, ainda que lhes não compartilhe a natureza. Pode estar na lama do charco, pode não possuir os recursos de atração suficientes para afinar-se com tais altitudes espirituais, mas, ainda assim, reflete, mesmo que imperfeitamente, os padrões superiores que almeja como ideais.

4. Rádio.
Em um quarto grau, a mediunidade começa a atingir culminâncias de excelência. O médium, agora, é operador de sua própria casa mental, fazendo uso de suas faculdades psíquicas, como se modulasse um receptor radiofônico ao seu alvedrio. Destarte, lúcido no processo de captação, reprodução e transmissão mental, escolhe, conscienciosamente, as faixas de sintonia de seu agrado, conforme princípios e ideais esposados.

5. Intérprete.
No quinto e último nível de aprimoramento da condição mediúnica, conforme nossa taxionomia de graus psíquicos, o sensitivo não só absorve, atrai, espelha e sintoniza, quando se faz interessante em cada circunstância dada, mas também e principalmente traduz, fazendo uma leitura e adaptação criteriosas do que colhe de esferas astrais de pensamento, assim suprindo limitações da comunicação, bem como corrigindo eventuais falhas de concepção, filtrando o que é útil e nobre do que não é sensato passar adiante. É o plano máximo da idealidade mediúnica, a que todo medianeiro deve almejar e seriamente labutar por atingir, bem como manter, como padrão disciplinar constante. Nesse ponto, o médium corresponde à plena condição de porta-voz das inteligências que representa, agindo responsável e judiciosamente, qual faria um embaixador, agindo com poderes de decisão, em muitas ocasiões, em um país estrangeiro, sempre que, por exemplo, ocorra a superveniente perda de comunicação, com a central de comando em sua terra natal.

Deus não quer consciências passivas. O próprio termo “consciência” já revela suas funções e deveres fundamentais: discernir, avaliar, decidir. Assim, se quiser alinhar seu psiquismo com as freqüências mais altas de mentação, procure fazer pleno uso de suas faculdades de livre-arbítrio, livre-pensamento e, mormente, de ética e responsabilidade. Desse modo, estará entrando em ressonância com seres mais maduros e sábios, tanto quanto estará evitando contactar e conectar-se a entidades com intenções e caráter duvidosos.

Não tenha medo, assim, de agir como um tradutor e não como uma máquina copiadora.
Se Deus quisesse comunicações diretas entre as duas dimensões de Vida, já as teria providenciado. Se sua alma é o canal, é você também o responsável pleno pelo que por ela passa e se manifesta no mundo. Seja um filtro consciencioso e vete toda expressão bestial ou vil de consciência. Ser médium não é ser uma curiosidade ambulante, uma ponte inerme entre dois mundos, e sim ser um representante lúcido do Plano Maior de Vida, colhendo e ofertando, conscientemente, os frutos melhores da paz, do progresso e do esclarecimento, em prol da felicidade e da evolução gerais.

(Texto recebido em 20 de janeiro de 2003.)