Benjamin Teixeira
pelo espírito
Roberto.

Recentemente ouvi a conversa entre dois amigos encarnados. Eles faziam alusão a uma historieta instrutiva, que roda na internet. Em resumo, era algo do gênero:

Dois amigos homens se encontram. Em meio a tapas e socos leves, se dizem, fazendo caretas e expressões de desdém simulados:

– Como vai, seu v…
– E você, seu filho da…
– E a p… da sua irmã?

E assim seguiam em amabilidades chocantes para as respectivas namoradas, que ouviam enojadas aquela troca horrenda de vitupérios.

Poucos segundos depois, afastam-se sem mais dizer, e, então, cada um se volta para a própria companheira, falando:

– Cara legal! Muito gente boa! É de minha total confiança!

E o outro:

– Gosto desse cara mais do que de minha mãe! Daria minha vida por ele!

Pouco depois, um dos casais se encontra com outro casal de namorados, sendo que as garotas são “amigas”. Entre doçuras que deixavam o ar diabético, com expressões mais amáveis que Da Vinci seria capaz de apôr no semblante de suas Madonas, disseram, entre si, enquanto seus namorados reviravam o estômago, em meio a tanta “frescura”:

– Querida! Há quanto tempo!
– Meu amor! ‘Tava M-O-R-T-A de saudade!
(Beijinhos estalados no ar, sem tocar os rostos, é claro)
– Você ‘tá linda! O que foi que você fez com o cabelo?
– Menina! e que corpinho é esse? Fez mais dieta? Quer matar todo mundo de inveja???

E continuaram com o papo “coração”, enquanto seus namorados, que não se conheciam, circulavam os olhos pelo ambiente, impacientes, procurando alguma coisa em que fixar a atenção, a fim de poderem sobreviver aquele momento insuportável. Mais alguns demorados minutos… – a conversa entre mulheres conhecidas não pode ser curta, é lógico: tudo e nada é motivo para muita conversa e troca de confidências –, e, então, os casais se afastam, para alívio dos pares masculinos. Mal, porém, deram-se as costas, as expressões luminosas de ternura se convertem, com rapidez de efeitos cinematográficos de Hollywood, em caratonhas de ironia e desprezo e, entre os dentes e lábios contraídos em ricto de ódio e asco, com olhares gélidos, sussurram, cada uma, para seus companheiros:

– Aquela falsa lambisgoia! Eu vi como ela olhava p’ra você. Ninguém me engana… Ah-ah! Euzinha não!

E a outra:

– Pilantra! Pensa que não sei o que andou dizendo de mim pelas costas… Mas ela que me aguarde! Não vou deixar passar em branco!!!…

Embora tenha colorido e dado uma nova versão à história, ela se resume a isso, mas gostaria de tecer alguns comentários a respeito:

Obviamente, reconhecemos que nem toda mulher é venal e hipócrita dessa forma, e nem todo homem é rude e desconectado dos próprios sentimentos a esse ponto. Mas há uma tendência geral para haver uma dessintonia entre o que se diz e o que se ouve, entre o coração e a boca de um homem ou de uma mulher.

As mulheres desenvolveram uma forte propensão para
sentir, mas ocultar o que sentem, para se protegerem. E os homens, por outro lado, a fim de se tornarem bons caçadores-protetores, bloquearam a percepção dos próprios sentimentos e, principalmente, sua manifestação.

Guardadas honrosas exceções, é o que costuma acontecer:
Quando uma mulher diz para um homem: “Eu amo você”, está dizendo isso na plenitude da expressão – o que quer dizer que deseja passar toda a vida ao seu lado e que está totalmente devotada a esse sentimento. Já quando um homem diz para uma mulher: “Eu amo você.”, amiúde, na verdade ele fala: “Sinto uma enorme atração sexual por você e não vejo a hora de copularmos.”
Assim, é por isso que uma mulher casada que tem de fato um homem que lhe é dedicado e fiel, ao perguntar ao seu parceiro porque não lhe declara amor, ouve normalmente, uma resposta do tipo:
“Deixe de bobagem, mulher. Eu não preciso falar isso. Meus atos falam por mim. Não cuido de você? Não estou com você? Não faço tudo que me pede?”

E, em outros momentos, as pobrezinhas enlouquecem com exclamações, aos brados de fúria, de seu escolhido:
“Eu não aguento mais você! Saia do meu pé! Me deixe em paz! Você me sufoca! Você faz da minha vida um inferno!!!” E se afastam horrorizadas, para chorarem a medida do Atlântico em lágrimas, e ficarem arrasadas por dias.

Por favor, mulheres, me ouçam. Vou traduzir o que seus homens estão dizendo com cada uma dessas palavras, e, em seguida, sugerir o que devem fazer para resolver a situação, ou ao menos melhorá-la:

“Você está importante demais para mim, e estou assustado com seu poder sobre minha pessoa e com a extensão enorme de espaço que está tomando em minha vida! Dê-me um pouco de liberdade, de tempo e de solidão, para que eu possa re-descobrir e re-conectar minha própria natureza, antes de ter minha identidade anulada por sua presença tão forte em meu coração! Estou sofrendo uma crise psicológica decorrente dessa falta de conexão comigo mesmo. Você é o paraíso que temo perder e, por isso, minha vida se torna um inferno ao perceber que a alegria e a dádiva de sua presença poderem ser maiores do que posso suportar.”

E, assim, ouvindo isso, afastem-se, deem espaço para que ele saia com os amigos, para que fique dedicado a seus afazeres, SOZINHO ou pelo menos SEM SUA PRESENÇA INSUPORTAVELMENTE AMOROSA E COOPERATIVA (para seu ego que adora sentir-se auto-suficiente e autônomo), sejam esses afazeres profissionais, desportistas ou no campo do mero diletantismo. E, quando ele se religar à própria essência, com sua anuência e compreensão, voltará esfuziante de alegria e cheio de amor para lhe dar, um amor que sempre esteve com ele, mas que às vezes ficava engavetado pela urgência dos reclamos de sua psique masculina, que exige espaço de aventura e liberdade para se manifestar e ser quem é.

Mulheres… por favor, me ouçam… Há mais verdade, nobreza e amor no coração dos homens do que possam supor em seu universo de palavras melosas… mas nem sempre verdadeiras… quando não irritantes e francamente maquiavélicas!!!

Querendo, a pulso, que sejamos o que não somos, poderão estar espantando almas nobilíssimas, grandes e leais companheiros e almas gêmeas, apenas porque não temos cabeça-gay, ou porque não somos bem-falantes como os mais finos enganadores de mulheres, os devoradores don-juans.

Acordem, melodramáticas cinderelas! Há príncipes em torno de vocês, que estão passando desapercebidos… E, entre suas lágrimas sinceras, há muitas de crocodilo, pois que muitas de vocês são bruxas fantasiadas de princesinhas!

(Texto recebido em 16 de dezembro de 2002.)

(*) Muitíssimo interessante essa segunda visão do assunto “carta às mulheres”, com relação ao trato com os homens, e recomendaria tanto uma como outra. Na semana passada, foi publicada uma mensagem de Eugênia: “Sobre Homens, para Mulheres”, da linda e sábia ótica eugeniana sobre o tema. Agora, o prezado leitor do site deliciar-se-á com a versão de Roberto sobre a mesma temática. Embora, para muitos, possa ter um ar de desforra masculina, e pareça, num exame superficial, que uma mensagem contradiz a outra, em verdade tratam-se de estudos complementares que, unidos, dão uma visão mais completa do assunto, assim favorecendo uma percepção mais fidedigna dos fatos, conflitos e crises relacionais, sem as tendenciosidades ilusórias das perspectivas masculina e feminina de um evento, geralmente diversas. Tanto isso é verdade, que foi Eugênia quem me trouxe Roberto e pediu-me que lhe deixasse escrever a mensagem coletiva do site de hoje.

Os caros leitores homens do site adorarão e ficarão confortados ao ler essa mensagem. As amigas leitoras, creio, se estiverem de coração aberto, receberão um sério alerta e informações preciosas para encontrar a felicidade afetiva, porque, de fato, apesar do seu natural tom mordaz e satírico, hoje particularmente ácido (aliás como costumam ser escritores homens a respeito do tema), Roberto foi muito profundo e preciso na análise psicológica que expendeu. Assim, sugiro às leitoras do sexo oposto que tenham a maturidade psicológica – como lhes é peculiar – de relevar o aspecto desagradável do estilo inteligente mas contundente do co-autor espiritual e extrair a parte sábia, realmente muito sábia, do seu texto, que vai embutida na embalagem amarga (mas proposital, na intenção de chocar com verdades duras, a fim de acordar os que dormem o sono da ilusão do ângulo pessoal de observação), assim como disse o apóstolo Paulo: “Vede tudo, retende o melhor.”

Que todos usufruam, divirtam-se, instruam-se e, principalmente, passem adiante essa mensagem, pela opção de envio para amigos, clicando na opção abaixo. Muito sofrimento pode ser evitado, com a assimilação do conteúdo dessa página, assim como muita felicidade pode ser notada como já existente ou propiciada enormemente.

(Nota do Médium)