Amados(as) filhos(as):

Que cada devoto(a) sincero(a) promova o arrebentamento das paredes do próprio ego, para que oportunize o arrebatamento de seu Espírito ao Reino dos Céus, no âmago de si mesmo(a).

Para isso, mister se faz a detecção segura da voz da consciência, que não se coaduna com padrões de moralismo castrador, condicionados a sistemas culturais de época e lugar, circunstanciais e arbitrários, amiúde discrepantes em relação a princípios universais do bem, da justiça, do amor.

A sintonia que alguém logre manter com as ideias e valores intemporais de benevolência – isso, sim, constitui a reverberação da Vontade Divina em seu coração, indicando-lhe invariavelmente o mais elevado coeficiente de paz e felicidade que poderá alcançar, em seu presente momento evolutivo, dentro ou fora da matéria densa.

Relevante destacar, porém, que a paz e a felicidade a que aludimos não correspondem aos conceitos de tranquilidade e alegria do domínio físico da Terra dos dias correntes.

A paz, em sua acepção profunda, de alinhamento do indivíduo com seu eixo de ser, saber e sentir mais autênticos, gera inexoravelmente fortes conflitos internos e/ou externos, porquanto não se acomoda a conveniências pessoais nem a convenções sociais.

E a felicidade, em seus fundamentos verdadeiros, nada tem a ver com a euforia da satisfação efêmera de paixões sensoriais ou egoicas. De reversa maneira, muito comumente implica a renúncia a desejos e caprichos mundanos, embora não necessariamente contrarie funções fisiológicas do corpo ou aspectos saudáveis da dignidade pessoal.

A bem-aventurança, o estado de graça e a realização íntima concernem diretamente ao cumprimento dos próprios deveres, em nível de essência vocacional e devocional que lamentavelmente apenas uma minoria da humanidade terrena está disposta a vivenciar, tendo em vista a vereda estreita de inapeláveis e acendradas disciplinas de sentimento e conduta, muito além do espectro de preceitos estabelecidos por religiões dogmáticas ou por legislações e costumes vigentes no plano material de existência.

Quando tratamos dessa tão complexa quanto axial temática, nos deparamos com um óbvio e quase intransponível obstáculo: as criaturas humanas da atualidade no orbe, mesmo aquelas consideradas decentes, têm baixíssimo grau de autoconhecimento. Por isso, persistem o flagelo psicológico e os horrores sociais, advindos de tanta contradição, hipocrisia e falência espiritual, em todos os âmbitos da civilização.

Com essa carência de conhecer-se em profundidade, a esmagadora maioria da população terrícola segue, vida afora, com duas agendas concomitantes e frequentemente conflitivas entre si: uma consciente e outra inconsciente.

Que cada buscador(a) legítimo(a) da Luz procure identificar as enfermidades e deformidades morais que não enxerga em si próprio(a), mas que distingue, com relativa facilidade, em terceiros.

Munido(a) de uma lucidez e coragem maiores para se ver pecador(a) e limitado(a), como de fato é, poderá então escavar a gleba secreta d’alma, a fim de encontrar o tesouro oculto do anjo em semente que aguarda oportunidade de germinar e oferecer frutos ao mundo, ainda que em medida modesta e qualidade sofrível.

É assim que se dá o lídimo despertar espiritual. Como lecionou o Cristo Jesus, o Reino dos Céus é semelhante a um minúsculo grão de mostarda que, ao brotar e medrar, converte-se em frondosa e frutífera árvore, em cujos ramos as “aves do Céu” (os Anjos de Deus) fazem seus ninhos: a morada metafórica da prolífera “comunhão dos(as) santos(as)”, a relação de sinergia psicoespiritual entre Seres de faixas superiores de consciência e aqueles(as) que Lhes recebam, com genuína e porfiada disposição de servir, a inspiração em prol do bem comum.

Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Bethel, CT, região metropolitana de Nova York, EUA
25 de junho de 2020