Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Introdução:

A partir de hoje, em nome da necessidade de termos alguns apontamentos atualizados da Filosofia de Jesus, pelo espocar de novos e complexos dilemas e questionamentos antes não existentes, por conta da natural evolução científica, tecnológica, social e cultural da humanidade, e seguindo o princípio de revelação gradativa que nos é obrigatório, na condução dos encarnados e suas idéias (*), vamos enfeixar algumas opiniões a respeito do que Ele teria quisto dizer, em Seus enunciados de dois mil anos atrás.

Muito embora, em boa parte do tempo, representemos a opinião dominante do Plano Superior, desejo deixar clara a necessidade de cada um filtrar os conceitos, que serão aqui expendidos, de acordo com seu próprio discernimento, a fim de que haja uma adaptação adequada a temperamento psicológico, circunstâncias de vida e premências evolutivas de cada um de nossos leitores.

Sem mais dizer, compreendendo que o Espiritismo, como todo campo de pensamento de veia científica, deve acompanhar os progressos do conhecimento, dos costumes e da capacidade de entendimento de cada época, damos por iniciada nossa série de estudos evangélicos, rogando as bênçãos de Nosso Mestre Maior Jesus, certa de que contaremos com Sua inspiração, apesar de nossas enormes deficiências, na condição de servidora imperfeita.

Eugênia.
Aracaju, 16 de março de 2004.

Observação:
Estaremos utilizando, como base de nossas reflexões, os quatro evangelhos sinópticos ou canônicos, a fim de que possamos traduzir, de fonte original, mais fidedignamente, as idéias de nosso Mestre.

Capítulo 1.

“No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus”
(João, 1:1)

No princípio de toda ação, de toda transformação, de toda realização, pequenas ou grandes, reside a idéia. Na tradução arcaica, em grego, a palavra a figurar nessa máxima basilar do Evangelho de João, o mais filosófico dos quatro canônicos, era “logos”. Assim: “No princípio, era o Logos, e o Logos estava em Deus e o Logos era Deus.”

Para que um edifício saia do chão, cálculos primorosos e complexos são feitos, assim como uma planta detalhada da construção é previamente esboçada, a fim de que haja condução adequada de todo o esforço que se fará, efetivamente, para o edifício surgir do “nada”.

Quando alguém, de outra maneira, pretende estabelecer uma carreira política, igualmente estrutura um programa política, de modo a apresentar, ao grande público, a diretriz geral de suas idéias e propósitos, na eventualidade de ocupar o cargo a que se candidata.

Até uma peça de vestuário, para ser confeccionada, com o devido acabamento, exige, de profissionais mais abalizados, o traço prévio no papel, que lhes permite antever possibilidades de combinação de tecidos, cores e adereços, conforme a criatividade do estilista e o gosto da cliente.

Nada acontece, sem a atividade seminal, geratriz da consciência, fermentando, no laboratório da alma, o poder criativo e as energias que irão propiciar a concretização de um evento, qualquer que seja. Nada acontece, no mundo externo dos acontecimentos, sem antes haver sido gerado e processado no campo místico do espírito. Ainda quando alguém suponha sofrer uma ocorrência que não tenha sido anteriormente processada na esfera da alma, uma análise mais rigorosa logo atestará o engano da conclusão. Apenas, nesses casos, talvez se perceba o trabalho subliminar das intenções inconscientes ou das interferências psíquicas alheias à da própria pessoa, seja por parte da mente de indivíduos ou de grupos inteiros.

Assunto exaustivamente anunciado por estudiosos do êxito humano, só quem mentaliza, projeta e cria planos estratégicos de ação, no nível do pensamento, poderá, algum dia, ter probabilidade de materializar, com sucesso, no mundo físico, seus desejos e ideais.

O Logos ou o Verbo estava em Deus e era Deus, porque o poder criativo do universo – e da mente humana idem – reside no reduto da consciência, da elaboração de raciocínios e projetos, já que o logos ou o verbo representam a manifestação discursiva ou seqüenciada, no espaço-tempo, do poder intemporal, divino, da criação.

Se você, assim, amigo, pretende corrigir feições de sua personalidade ou pretende implantar características novas em sua alma; ou ainda intenta realizar uma obra ou transformar uma já existente, tenha como certo de que nada pode ser feito, inclusive no mundo das formas evanescentes, sem antes ser cuidadosamente elaborado na dimensão do pensamento.

Por fim, se pretende ter consigo a força da criação, considere que a força criativa é atributo essencialmente divino, e que lhe cabe, por conseqüência, se deseja perfeita harmonia e equilíbrio com as potências que irá manipular, estar em alinhamento com os desígnios do Criador. E, de reversa maneira, se mobilizar essas potências do Alto, sem os apropriados circunspecção, decoro e espiritualidade, elas naturalmente se voltarão contra você, mais cedo ou mais tarde, cobrando-lhe altos tributos de dor e decepção, frustração e infelicidade.

(Texto recebido em 16 de março de 2004.)

(*) Eugênia alude ao fato de que certas revelações não poderiam ser feitas anteriomente, pela Espiritualidade Superior, não por falta de bons médiuns, mas pela inoportunidade de tais assuntos, pela incapacidade dos destinatários humanos de compreenderem o alcance e profundidade de suas idéias, assim como uma criança, que só pode ser introduzida nos mistérios da ciência e da vida adulta, à medida que se mostra devidamente aparelhada e amadurecida para tanto.

(Nota do Médium)