Medonha tristeza te constringe a alma sensível, vampirizando-te as forças, dificultando, severamente, o andamento das atividades sob tua responsabilidade. Supões-te cambaleando à beira do abismo e, assim, requisitas o amparo do Alto.
Tranquiliza-te, porém, prezado amigo. Se te sentes assim, tão angustiado com os ataques nefandos de quem não te quer bem e apenas te explora as forças, lembra-te de que outros corações abençoados velam pelo teu, sustentando-te as energias combalidas.
Aquela moça, das mais beneficiadas por teus gestos de amor, olha-te com reserva e suspeita, desprezando-te os valores, encarando-o com malícia e desdém que com muito esforço consegue disfarçar, vendo em ti fraqueza e subserviência, onde há força e heroísmo no serviço altruístico.
Aquele amigo querido, após tudo receber de ti, despachou-te o coração à solidão, encantado pela sedução da sereia, que te roubou a ventura.
Aquel’outra senhora querida, após tentar conduzi-lo a seus caprichos mesquinhos, saiu enfurecida de teu círculo de amizade, caluniando-o horrendamente, após ter-te recebido a linfa benfazeja do mais incondicional amor.
Perdoa a todos, amigo, e segue adiante, em paz. No passado, tu mesmo agiste de forma indevida, com aqueles que hoje te amparam os passos, da Outra Dimensão da Vida. Agora, porém, segues em dolorosa solidão. Tens alunos, filhos e beneficiados, mas nem sequer o braço amigo de um companheiro, um colega de atividades, alguém que jornadeie no mesmo nível de tuas responsabilidades, muito menos de quem lhe possa ajudar a caminhada, mais experiente ou lúcido.
Até mesmo aquela figura importante da tua seara de ação fez de tudo para eclipsar tua luz, que supôs vaidade, quando nunca deixou de ser ideal sincero. Releve a loucura narcísica desse companheiro mais velho, todavia mais imaturo, no carreiro evolutivo. Ele também, pobre coitado, terá que se haver, amargamente, com a Divina Justiça. Teria que ajudar-te, nos momentos difíceis do começo, e, ao reverso disso, trabalhou a perder projeto gigantesco que está em tuas mãos. Sabíamos, porém, de antemão, que vencerias. Sabíamos que eras suficientemente forte para resistires a todas as tentações de recuar do posto de serviço que te foi confiado, e, por isso mesmo, tivemos condições de te delegar tão extensa responsabilidade.
Tu tens, não tenhas dúvida, o amparo total daqueles que, de Altiplanos Espirituais Sublimes, endossam-te as iniciativas e fazem que se abram alas por onde passas. Não por acaso consegues fazer o que ninguém mais logra concretizar, nos páramos do que ainda não foi fixado nos esquemas da cultura dominante. Não suponhas tratar-se de sorte ou talento pessoal. É signo bendito de que és um “marcado” do Céu, a transitar pela Terra, invencível por isso, por estares espalhando venturas e bênçãos, ainda que teu coração bondoso e sensível siga em tétrica amargura, compreendendo, sem ser compreendido, dando, sem quase nada receber, e orientando, enquanto é atacado por desorientações de todos os lados.
Não temas, todavia, abençoado guerreiro da Luz, pois que és um braço do céu, na Terra sofrida, e, ainda que te sintas muito humano, tua função é divina, anjo pela função que te fazes, embora humano, carente, frágil e triste, que és, no coração de criança… daquelas crianças que sobre quem o Mestre Jesus disse, outrora: “Vinde a mim as criancinhas, por que delas é o Reino dos Céus”.
Não precisamos convencer-te disto. Tua própria vida e teus passos atestam-no inequivocamente, porque enquanto tantos reclamam e choram, porque caprichos mesquinhos não são atendidos, tu mesmo te desfazes, ainda que com o coração em frangalhos, em esforços redobrados, para a todos atender, acalentar, nutrir e tranquilizar, fazendo-te mensageiro da esperança e da felicidade, eletrizando a todos no estímulo à fé e à alegria que partem de teu coração nobre, sem teres para ti o que julgas mais precioso, sustentando mesmo a alegria daqueles que te roubaram o que te era mais caro e sagrado, lançando luzes em meio às trevas dos mais renhidos inimigos que nunca tergiversaram à oportunidade de tentar destruí-lo…
Que mais podemos dizer a quem cala dores, para fazer a felicidade alheia, incluindo os mais acirrados rivais? Que mais podemos dizer a quem fez da vida um hino permanente de amor, abraçando os que o golpearam na véspera?
Sim, amigo, podes achar que não, mas vê teus atos e compreenderás o que digo, seguindo o raciocínio do Mestre: “Conhece-se a árvore pelos frutos”.
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eustáquio (Espírito)
23 de setembro de 2003